Filme "Alice"
MELANCOLIA E TRISTEZA INFINITA
Este ano apresentou a sua primeira longa-metragem no Festival de Cinema de Cannes e ganhou o Prémio "Regard Jeunes" para o melhor filme, “Alice”. Chama-se Marco Martins e tem 33 anos. “Alice” é a primeira longa-metragem de Marco, que além de realizar também é responsável pelo argumento.
“Alice” conta a história da busca de um pai (personagem interpretada por Muno Lopes, o papel de mãe é de Beatriz Batarda) por uma filha que desaparece misteriosamente. "Gosto deste tipo de personagens obsessivas, mas sobretudo de retratar algo que falta, de saber como é que se preenche um vazio perante uma perda. Por outro lado, achei interessante demonstrar como é que alguém que tem um problema, com o qual a sociedade é incapaz de lidar, constrói um sistema alternativo de funcionamento para tentar lidar com ele."
É um filme frio, negro, melancólico. Passaram 193 dias desde que Alice foi vista pela última vez. Todos os dias Mário, o seu pai, sai de casa e repete o mesmo percurso que fez no dia em que Alice desapareceu. A obsessão de a encontrar leva-o a instalar uma série de câmaras de vídeo que registam o movimento das ruas. No meio de todos aqueles rostos, daquela multidão anónima, Mário procura uma pista, uma ajuda, um sinal.A dor brutal causada pela ausência de Alice transformou Mário numa pessoa diferente mas essa procura obstinada e trágica, é talvez a única forma que ele tem para continuar a acreditar que um dia Alice vai aparecer. No meio da multidão de rostos anónimos, ele procura uma pista, um sinal, algo para não perder a esperança de a encontrar.
A forma fria, obscura e até mesmo impiedosa como a cidade de Lisboa é mostrada e a forma arrastada do filme contribuem, a par com a magnífica interpretação de Nuno Lopes, para que o espectador sinta a tristeza, a melancolia, o vazio que se apoderaram daquele casal.
“Alice” mostra a capital como ela nunca foi filmada no cinema português: uma cidade invernosa, indiferente e percorrida por multidões solitárias. Marco Martins faz da obsessão tenaz do pai o miolo dramático do filme, que não cede ao sentimentalismo ou ao realismo fácil.
Marco Martins coloca no seu filme uma série de questões pertinentes, desde a solidão urbana vincada pelo anonimato, indiferença e falta de comunicação; o poder da imagem e a eficácia dos sistemas de vigilância ou as consequências de uma perda súbita e violenta.
Frágil e desigual, “Alice” pode não ser a obra-prima que tarda a aparecer no cinema português dos últimos anos mas também está bem acima da mediocridade, sendo uma primeira longa-metragem promissora e um inquietante olhar sobre o entorpecimento emocional de dois jovens adultos perdidos numa espiral descendente.
“É muito importante ter-se o reconhecimento do nosso trabalho, e mais do que tudo é um estímulo enorme para continuar a fazer coisas. Não deve haver nada pior do que criar e depois ninguém ver.”
Continua em exibição em Lisboa, apenas num cinema. Cinema Quarteto, junto a Entre Campos, com quatro sessões!!!
Este ano apresentou a sua primeira longa-metragem no Festival de Cinema de Cannes e ganhou o Prémio "Regard Jeunes" para o melhor filme, “Alice”. Chama-se Marco Martins e tem 33 anos. “Alice” é a primeira longa-metragem de Marco, que além de realizar também é responsável pelo argumento.
“Alice” conta a história da busca de um pai (personagem interpretada por Muno Lopes, o papel de mãe é de Beatriz Batarda) por uma filha que desaparece misteriosamente. "Gosto deste tipo de personagens obsessivas, mas sobretudo de retratar algo que falta, de saber como é que se preenche um vazio perante uma perda. Por outro lado, achei interessante demonstrar como é que alguém que tem um problema, com o qual a sociedade é incapaz de lidar, constrói um sistema alternativo de funcionamento para tentar lidar com ele."
É um filme frio, negro, melancólico. Passaram 193 dias desde que Alice foi vista pela última vez. Todos os dias Mário, o seu pai, sai de casa e repete o mesmo percurso que fez no dia em que Alice desapareceu. A obsessão de a encontrar leva-o a instalar uma série de câmaras de vídeo que registam o movimento das ruas. No meio de todos aqueles rostos, daquela multidão anónima, Mário procura uma pista, uma ajuda, um sinal.A dor brutal causada pela ausência de Alice transformou Mário numa pessoa diferente mas essa procura obstinada e trágica, é talvez a única forma que ele tem para continuar a acreditar que um dia Alice vai aparecer. No meio da multidão de rostos anónimos, ele procura uma pista, um sinal, algo para não perder a esperança de a encontrar.
A forma fria, obscura e até mesmo impiedosa como a cidade de Lisboa é mostrada e a forma arrastada do filme contribuem, a par com a magnífica interpretação de Nuno Lopes, para que o espectador sinta a tristeza, a melancolia, o vazio que se apoderaram daquele casal.
“Alice” mostra a capital como ela nunca foi filmada no cinema português: uma cidade invernosa, indiferente e percorrida por multidões solitárias. Marco Martins faz da obsessão tenaz do pai o miolo dramático do filme, que não cede ao sentimentalismo ou ao realismo fácil.
Marco Martins coloca no seu filme uma série de questões pertinentes, desde a solidão urbana vincada pelo anonimato, indiferença e falta de comunicação; o poder da imagem e a eficácia dos sistemas de vigilância ou as consequências de uma perda súbita e violenta.
Frágil e desigual, “Alice” pode não ser a obra-prima que tarda a aparecer no cinema português dos últimos anos mas também está bem acima da mediocridade, sendo uma primeira longa-metragem promissora e um inquietante olhar sobre o entorpecimento emocional de dois jovens adultos perdidos numa espiral descendente.
“É muito importante ter-se o reconhecimento do nosso trabalho, e mais do que tudo é um estímulo enorme para continuar a fazer coisas. Não deve haver nada pior do que criar e depois ninguém ver.”
Continua em exibição em Lisboa, apenas num cinema. Cinema Quarteto, junto a Entre Campos, com quatro sessões!!!
“Ninguém ver é quase como não existir”
1 Comments:
Também ja tinha lido sobre esse filme e pareceu-m melhor que os restantes filmes Portugueses
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